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A pior direção da história do Sport Club Internacional

O ano era 1993, período da minha vida que, por vários motivos, gostaria de esquecer. Não bastasse estar cercado diariamente dos adolescentes mais nefastos e gremistas que conheci, eu pública e fanaticamente torcia pro glorioso Sport Club Internacional.

Não me lembro do dia e nem mesmo do mês no qual vivenciei meu primeiro momento de vergonha em função do Inter, mas aquela sensação de revolta e incredulidade me marcou aquele ano. O adversário na Copa do Brasil era o Londrina, que na época acho que nem jogava oficialmente em uma divisão especifica do saudoso Campeonato Brasileiro pré pontos-corridos. Ver o Inter, o campeão do ano anterior, de décadas de glorias e milhões de torcedores ser eliminado da Copa do Brasil pelo Londrina não fez sentido pra mim. Claro que paulatinamente ver clubes inferiores se superando e surpreendendo instituições maiores faz parte da mística do futebol, mas estar do lado do “Golias” derrotado e humilhado naquela eliminação me fez começar a questionar as razões que geram eventos deste tipo. Na comparação de cada grupo, incluindo o treinador, o Inter deveria ter larga superioridade comparado ao time paranaense. Como era possível um clube com 5% do investimento do Inter nos eliminar em uma competição? Quem são os responsáveis? Quais causas levam a esse tipo de “anomalia”?

Minhas resenhas e discussões sobre a mediocridade do Inter na época eram raras, não por falta de vontade, mas pelos poucos colorados presentes em meus grupos sociais. Na família, colégio, vizinhança, era raro achar um colorado pra reclamar da vida. Os poucos que eventualmente encontrava pra “ventilar” eram em sua maioria tios ou amigos mais velhos, e é claro, meu pai. Aprendi e absorvi muito nessa época sobre o quanto uma gestão incompetente e mal preparada pode destruir e apequenar qualquer instituição. Sendo assim, José Asmuz se tornou um dos meus principais desafetos na ate então, “década maldita” do Inter pra minha geração.

Muita coisa aconteceu desde então, incluindo é claro, aquela dourada década de 2000 a 2010. Muitos “planetas se alinharam” para os sucessos daquele período, mas a gestão Fernando Carvalho certamente teve grande responsabilidade no “engrandecimento” do Inter como clube, batendo de frente com as grandes potencias da América Latina e nos colocando em destaque a nível mundial. A gestão Fernando Carvalho protagonizou um período no qual o torcedor colorado tinha muito mais orgulho do que vergonha, o que pra mim e meu histórico de torcedor era mais que suficiente. Ser terceiro colocado no campeonato Mundial era o nível dos fiascos do meu time na época, o que evidenciou um momento onde a instituição estava alinhada em tamanho com seus 6 milhões de torcedores, 100 mil associados, investimentos, estrutura, etc. Enfim, vexames e momentos de vergonha e constrangimento eram pontuais e exceção nas temporadas, como acontece com a maioria dos gigantes do futebol.

Pois eis que 30 anos e muitas gestões depois daquela fatídica eliminação de 93, me deparo com o mandato de Alessandro Barcellos. O líder da chapa “O Inter Pode Mais” conseguiu em menos de 3 anos atingir literalmente o objetivo oposto ao jargão de sua campanha. Não que o Inter vivesse anos de gloria antes desta gestão, mas o que vemos desde 2021 é um “apequenamento” progressivo da instituição e um acúmulo de erros e fiascos consecutivos nunca visto na historia do Sport Club Internacional. A atual direção do Inter erra ou se arrasta em praticamente todas as suas decisões no departamento de futebol, usando o velho clichê de focar na “saúde financeira” do clube. Listar aqui todas as manchas históricas que esta direção está deixando demandaria tempo e texto demais. Em 44 anos de vida, nunca vi tamanha incompetência, letargia, amadorismo e despreparo no Beira Rio. Muitos podem justamente argumentar sobre o “episodio” Vitorio Piffero e todas as terríveis consequências daquele período, mas a revolta que se via com insucessos e escândalos daquela época deu lugar a vergonha e uma constante sensação de constrangimento hoje em dia.

Creio honestamente que o cidadão Alessandro Barcellos é um colorado fervoroso que também vive inconformado e envergonhado com o clube que preside. A paixão e “boa intenção” do atual presidente nunca foram questionadas, mas sim o seu preparo e capacidade para exercer o cargo. A incompetência do presidente, e principalmente a falta de qualificação de seus pares na direção (um vice do Aymoré, um executivo do Avaí, etc.), está destruindo o Inter como instituição, deixando o clube ainda menor do que durante o triste ano do rebaixamento. A inoperância do executivo e das (várias) comissões técnicas montadas por Alessandro Barcellos estão levando a torcida colorada a um estado além da revolta: Tristeza, torpor e desesperança.

Já se vêem jogos de Brasileirão com 20% do público usual no Beira Rio, e a quantidade de sócios cancelando suas carteirinhas é recorde. Bons profissionais de gestões anteriores foram sendo demitidos ou deixando voluntariamente o clube um por um, dando lugar a substitutos de muito menor envergadura, experiência e ZERO identificação com o Inter. Qualquer estudante de Administração do primeiro semestre enxerga a óbvia consequência de substituir bons e experientes profissionais por iniciantes e/ou incompetentes.

Para a gestão 2021-2023 a melancolia e o fundo do poço parecem não ter fim, e o fiasco que pode “coroar” a terra arrasada deixada por estes dirigentes seria uma nova queda para a segunda divisão. A este ponto, eu não duvidaria de nada em termos de potencial de fracasso do Sport Club Internacional. Aquela eliminação vexatória pro Londrina, anomalia que marcou minha memoria num período considerado horroroso na historia do Inter, faz parte da ROTINA com esta gestão, e isso vai além dos altos e baixos do futebol. Isto é um claro sinal de que Barcellos e sua trupe não tem capacidade e tamanho para gerir o clube.

O que nos resta é torcer pra que 2023 acabe com um mínimo de dignidade, como fiz em 1993. A historia do Inter e de praticamente todos clubes de futebol da face da terra sempre foi de altos e baixos, e certamente existem outros fatores não ligados a gestão que contribuem para quedas de rendimento de uma equipe. Porem, o fato é que nunca uma direção levou o futebol do Inter a níveis tão subterrâneos e de maneiras tão vexatórias e consecutivas num período tão curto de tempo. Falta pouco para que o sócio tenha a chance de extrair este grupo amador que arrasou por completo em apenas 3 anos o orgulho de ser colorado. A única maneira de evitar que o Inter vire a Portuguesa é votando em QUALQUER chapa que seja a oposição este fim de ano. O ditado “nada é tão ruim que não possa piorar” não se aplica pra próxima eleição. Nada pode ser pior e mais danoso pro clube que mais 3 anos de gestão Barcellos.

Sobre Sr. Celeuma

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Um comentário em “A pior direção da história do Sport Club Internacional

  1. 44 anos de vida? Só?
    O nome da chapa, “O Inter Pode Mais”, está corretíssimo. O Inter sempre pode decepcionar mais seu torcedor.

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